segunda-feira, 20 de setembro de 2010
LOVELESS: TERRA SEM LEI
De Brian Azzarello e Marcelo Frusin
O que li do Brian Azzarello me chama a atenção. Desde o “100 Balas” – que sinceramente pra mim já é um clássico dos quadrinhos, uma fórmula que funcionou esteticamente e comercialmente – até a repaginação do Sargento Rock, bem executado de forma primorosa.
Quando me deparei com um quadrinho de Faroeste escrito por este, tive muito receio, pois Western não é um gênero (e estilo) fácil de trabalhar. E este, sendo um Faroeste escrito por Azzarello, poderia por todo o crédito deste pelo querido Brian. E graças aos deuses isto não aconteceu.
Loveless: Terra sem Lei é sobre Wes Cutter, um derrotado na Guerra de Secessão, que retorna à sua residência com todas as marcas e cicatrizes da guerra. Ao chegar a sua terra de direito, os ianques já estão como donos desta. Parece que o exército nortista acertou em cheio qual terra se apossar.
Sinceramente, nunca vi um antiherói do Velho Oeste tão calculista e seco como Cutter. O Homem sem Nome é o mais próximo que consigo pensar; mesmo assim perde feio. E isso já é um dos pontos fortes do roteiro: Azzarello tem muita segurança na construção de um personagem imponente como este. Outro petardo do seu roteiro são os flashbacks. Que sinceramente nem sei se encaixam nessa nomenclatura, já que os mesmos ocorrem durante uma ação presente, só que no mesmo ambiente onde se passou o tal flashback. Confuso? Leia então!
A disposição dos quadros não tem nada de inovador ou obsoleto; só o clássico mainstream do Azzarello (mas o forte dele também não é essa configuração à lá Allan Moore). As cores dessaturadas da Patricia Mulvihill são muito bonitas; os tons dos Spaghetti Westerns foram muito bem relocados para os quadrinhos. Os traços do Frusin fluem com uma naturalidade rústica e um pouco suja – e tem quadros que todos os personagens tem feições do Clint Eastwood, fantástico – completando bem o quarteto de escrita e desenho.
E, pra completar, a história ainda é foda! Me surpreendi bastante com o desenrolar dos personagens e a postura dos mesmos. Este volume vem com as edições 1 a 5; mas nos EUA foram lançadas até a edição 24 (seriam 50, mas a revista não fez sucesso, sinceramente não sei o por que). E foi tudo muito bem apresentado pela Panini – cores, caderno etc. Desembolse seu suado dinheirinho que vale muito a pena.
Não teria melhor definição que a própria sinopse da revista: “uma história brutal que combina a ação e a atmosfera de um filme dirigido por Sergio Leone [...], estrelado por Clint Eastwood e com o clima do seriado Deadwood, da HBO.” Muito cinematográfico? É. Leiam e vejam. Com prazer. Tem muita coisa que vai ficar melhor com a segunda leitura. Por isso reserve um tempinho para relê-lo. Não estou pedindo ou mandando, com certeza você vai fazer!
por Fabiano Raposo
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