terça-feira, 11 de maio de 2010

Arte Sequêncial Africana






Você já ouviu falar em quadrinhos africanos? Pois é, eles existem, mas, devido a fama de reduto da miséria mundial que a África carrega, sua produção artística acabou sendo subestimada pelo resto do mundo.

Vale lembrar que não estou tratando da África por causa da Copa do Mundo deste ano (por sinal, eu detesto futebol), mas o fato é que o continente negro sempre me fascinou, assim como os quadrinhos. Portanto, nada melhor do que tratar dos quadrinhos feitos na África.

Para começar, vale lembrar que falar de "quadrinhos africanos" não é fácil devido à complexidade cultural existente em um continente de dimensões tão amplas. Contudo, os quadrinhos já existem há um bom tempo na África e suas origens remontam, assim como em outros locais, às pinturas feitas em cavernas por caçadores. Há registro de que em algumas culturas negras os tronos dos reis e os templos eram decorados com imagens em sequência que narravam as façanhas de seu povo.

A tradição oral, um dos traços mais significativos da cultura africana, influenciou toda a produção gráfica do continente, que tem no conto o elo para transmitir através de gerações suas crenças e costumes. Nesse sentido, a arte sequencial, ao transmitir para o campo imagético as narrações da tradição oral, abriu novos horizontes no panorama cutural africano.

Durante os anos em que a África esteve na condição de colônia das potências européias, sua produção cultural sofreu uma drástica supressão. Nesse período, a grande questão para os africanos era a preservação de sua identidade e cultura, dentro do contexto geral de liberdade. Quando veio a independência, por volta de meados do século XX, percebeu-se a necessidade de um recomeço diante do desastre econômico, social e cultural imposto pelos europeus. No campo das artes, esse fator fez com que muitos países se tornassem co-dependentes de outros para poderem produzir.

Quanto ao tema, as HQs africanas recorrem muito aos dilemas sociais do continente. Sua veiculação se dá mais em jornais do que em revistas devido aos custos de produção.

Uma das primeiras revistas em quadrinhos produzidas na África é de autoria anônima e se chama A Vitória é Certa - Manual de Alfabetização, publicada em Angola e editada em 1968 pelo Movimento Popular de libertação de Angola. No Zaire (atual República Democrática do Congo), em 1965 apareceu o quadrinho Gento Oye, desenhado por César Sinda e Dennis Boyau, com inspiração em filmes de ação norte-americanos. Outra publicação importante é o quadrinho de caráter anticolonialista chamado Croissance, feito por volta de 1970 na República de Camarões.

Existem vários outros exemplos que posteriormente terei o prazer de citar com mais detalhes.

Entre os principais nomes do atual universo das HQs africanas estão: Farid Boudjellal (Argélia), Hector Sonon (Benin), Pahé (Gabão), Ramón Esono Ebalé (Guiné Equatorial), Didier Kassai (República Centro-Africana), Marguerite Abouet (Costa do Marfim), etc.

A criação de associações de desenhistas de HQ tem tido papel relevante na incrementação dos quadrinhos africanos. Dentre elas destacam-se a BéDAFRIKA, a AfriBD e a AfroBulles.

Para quem, assim como eu, se interessar por quadrinhos africanos acesse:
http://www.picha.nl/index.php?page=_

Um comentário:

  1. Adorei isso aqui... faz um tempo que não atualizam, mas se continuar como essa sobre HQ Africano... Show! Atualizem...

    Abraços!

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